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TV & Inovação

Quantos aparelhos estão na sua frente agora? Você assiste televisão olhando para o celular? Pois, saiba que está exercitando o conceito de segunda tela. É a Brenda Parmeggiani, Doutora em Comunicação pela UnB, que define esse termo e fala mais sobre a convergência entre os meios. Suas pesquisas analisam o reality show The Voice e aproveitam o aplicativo da série Hannibal para nos provocar a refletir.

O Dazumana é um podcast informativo de divulgação científica. Comentamos fatos da vida para entender as teorias, sempre com finalidades educativas. Artigo 46 da Lei 9.610/1998.

Juliana Mendes: Olá. Começando mais um episódio do Dazumana.

Leyberson Pedrosa: E esse episódio abre uma nova temporada do programa. Dessa vez contamos com o apoio do Fundo de Apoio à Cultura, o FAC-DF, para realizar nossos estudos sobre novas mídias e formatos. Isso significa que teremos entrevistas especiais sobre audiovisual, narrativas e muito mais.

Juliana Mendes: E é isso mesmo. Abrimos nosso podcast com uma entrevista sobre a televisão e a convergência. Vamos falar sobre como o digital influencia a TV e como a entendemos hoje, interagindo com outros meios. Para isso, convidamos a Brenda Parmeggiani. Olá Brenda, tudo bem?

Brenda Parmeggiani: Oi, Juliana! Oi, Leyberson! Tudo bem? Tudo ótimo. Obrigada pelo convite.

Leyberson Pedrosa: Eu vou tentar descontrair com piada de tiozão, né? Parmeggiani é assim mesmo a pronúncia?

Brenda Parmeggiani: É. É que nem o filé a parmegiana, mas com “i” no final.

Leyberson Pedrosa: Brincadeiras à parte. A gente começa o nosso ritual de leitura do Lattes da nossa convidada. A Brenda é doutora em Comunicação na linha de Teorias e Tecnologias da Comunicação pela Universidade de Brasília. É mestre em Ciências da Comunicação no campo de estudo dos Media e do Jornalismo pela Universidade Nova de Lisboa e se graduou em jornalismo pela Faculdade de Comunicação da PUC Rio Grande do Sul. Ela trabalhou por cerca de três anos em telejornalismo diário, além de quatro anos no jornalismo impresso, lá no Zero Hora. Hoje é coordenadora na agência Comunica Mais. Em 2016 foi professora substituta no departamento de jornalismo da Universidade de Brasília com as disciplinas de Teorias da Comunicação, Tecnologias da Comunicação, Tópicos Especiais em Jornalismo de Rádio e TV e Técnicas de Rádio e TV. Brenda, é isso mesmo? Faltou alguma coisa? 

Brenda Parmeggiani: É isso mesmo, Leyberson. 

Leyberson Pedrosa: Pelo visto aqui você vem do Sul. Ou você fez essa migração de Brasília, como é que foi o caminho?

Brenda Parmeggiani: O que acontece, eu sou nascida e criada em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Fiz toda a minha trajetória de estudos de ensino fundamental, médio e a faculdade de Jornalismo. Na época Comunicação Social com habilitação para Jornalismo na PUC aqui do Rio Grande do Sul. Só que eu comecei a trabalhar desde cedo na faculdade. Desde o terceiro semestre eu comecei a trabalhar em jornalismo diário, lá aprendi muito e foi muito interessante poder fazer esse crescimento na área com a faculdade somada a esse trabalho. E depois disso eu acabei migrando para o interior do Rio Grande do Sul e lá eu trabalhei então na filiada da Rede Globo na RBS TV e eu fui apresentadora do que a gente chama de Praça 1, que é o primeiro telejornal da grade que abre para as afiliadas da Globo, né? Que aqui no Rio Grande do Sul se chama jornal do almoço, mas no Distrito Federal, por exemplo, é o DF TV Primeira Edição, e fazia também algumas reportagens de nível estadual e nacional. Cheguei a entrar ao vivo, por exemplo, para a Ana Maria Braga, dar aquele bom dia para o Louro José, aquela coisa toda. Depois desse período, então, eu fui estudar em Portugal – onde eu fiz o meu mestrado. Quando eu voltei, voltei aqui para Porto Alegre e aí eu pensei: bom, vou para o doutorado, vou me preparar. Eu entreguei e defendi a minha dissertação de mestrado em julho de 2013, entre julho e ali o início do próximo ano, então, eu fiquei me preparando para seleções de doutorado aqui no Brasil. E aí eu fiz a seleção tanto pra PUC aqui no Rio Grande do Sul, quanto para a UnB. E para a UnB foi uma coisa assim, se eu disser para vocês que foi o destino que me levou para Brasília, quase não é brincadeira.

Juliana Mendes: Queria pedir para você, quais alguns conceitos que você encontrou pra conseguir falar desses novos formatos, dessas novas mídias, dessa convergência.

Brenda Parmeggiani: Perfeito, Ju. Assim, o que aconteceu, né? Eu fui estudar em Portugal, onde fiz o meu mestrado e lá foi muito interessante porque eu vinha dessa tradição aqui bem focada em jornalismo pensando que eu tinha que estudar algo dentro da Comunicação que fosse estritamente ligado ao jornalismo. Só que eu tinha interesses já voltados para o digital, para as redes sociais, e a verdade é que se experimenta esse tipo de ferramenta, esse tipo de novidade, à época não é? - nós estamos falando de 2011 – muito mais no entretenimento do que no jornalismo. Isso se explica por vários motivos, por exemplo: se tu perderes dinheiro num projeto jornalístico pode significar o fim daquele projeto, já se tu fazes um experimento que não dá tão certo no entretenimento... bom, muda o roteiro, muda o script, bola para frente, muda patrocinador e está tudo certo. O que eu percebi foi que o que eu queria estudar ainda não existia com força no Jornalismo e isso estava me causando um grave problema, assim um grave dilema para os meus estudos. Até que eu sentei com a professora Marisa Torres da Silva, que veio a ser minha orientadora, lá na Universidade Nova de Lisboa. E aí eu me lembro de conversar com ela e ela dizer assim: “Mas, se a Brenda quer estudar algo que seja de entretenimento, qual o problema?” E foi assim que eu cheguei então para estudar os processos de interação dos telespectadores na franquia The Voice. E aí de Portugal tinha que voltar para o Brasil, vou para Brasília e posso trabalhar com alguém que eu super admiro, é o cara que tinha o nome na capa do livro que eu estudei na graduação, sabe? Aquelas coisas assim...  estudei Teorias da Comunicação na graduação com o nome dele na capa do livro, Luiz Claudio Martino, e daí poder estudar com ele. E aí acabei indo para a UnB e fazendo a tese doutoral, então, na linha de Teorias e Tecnologias da Comunicação e foi muito bacana embora os trabalhos eles não sejam diretamente a continuação um do outro, a semente de uma pesquisa está na anterior. Então a minha pesquisa do TCC da graduação – que foi sobre cartas de leitores para o jornal Zero Hora e como isso influenciava na comunicação do jornal – tinha ali já um pouco, eu estudei um pouco teoria da agenda, comecei a entender um pouco como funcionavam as audiências e pensando um pouco sobre interação foi o meu primeiro contato com o conceito de interação e com o conceito de interatividade. E aí quando eu cheguei para o mestrado e decidi estudar então esse processo de interatividade na franquia The Voice, realmente fui mais a fundo e entendi um pouco mais a diferença entre interação, entre interatividade, participação que eu trouxe para a mesa esse conceito também de participação e tive uma influência bem forte do filósofo alemão, do Jürgen Habermas, para trazer um pouco de conceito mesmo, de trazer uma questão que fosse um pouco mais tangível. Embora as pessoas achassem muito engraçado que eu estava trazendo um conceito que é super considerado na política para trabalhar entretenimento. Eu buguei muita gente com isso.

Rafael Batista: Então o Habermas vai retomar um conceito de razão, mas não uma razão reflexiva e sim uma razão comunicativa. Essa razão comunicativa no Habermas ela é estabelecida mediante o diálogo e a interação entre os indivíduos. Esse diálogo e interação, ele deve ser realizado sem pressões de sistemas externos, pressões de sistemas políticos e pressões de sistemas econômicos. Por quê? Esse tipo de pressão pode privilegiar interesses particulares. A razão comunicativa ela vai ser processual porque ela é estabelecida mediante esse diálogo, mediante a interação entre os indivíduos. 

Brenda Parmeggiani: E estudando a franquia The Voice eu via muito o pessoal falar: “não, então, enquanto você estiver assistindo aqui entre no seu computador e mande o seu voto” ou “Acesse no seu smartphone o aplicativo do The Voice e participe da enquete, conta pra gente qual foi a música que você mais gostou no Facebook aí no seu smartphone”. Eu comecei a perceber foi que eles estavam incentivando - de maneira muito direta - o uso de dois meios de comunicação ao mesmo tempo, então, a partir do momento que tu estavas assistindo ao programa na TV, existia também um incentivo direto do próprio programa que ao mesmo tempo e simultâneo então as pessoas usassem smartphones, computadores, tablets, laptops, enfim. E aquilo começou a me trazer então essas inquietações e eu pensei: bom, interação e interatividade já não bastam mais para mim, eu preciso desse aporte mais tecnológico. E aí que eu comecei a ir para o lado da convergência. E para quem estuda isso é quase automático ler Henry Jenkins, acho que o Cultura da Convergência é a bíblia praticamente de cada um e, bom, comecei a ler o Jenkins e ele começa a abrir N portas para nós. E aí quando eu cheguei em Brasília para estudar com o professor Martino e eu contei para ele, eu digo: “Professor, eu quero estudar essa coisa nova que está rolando aí no mercado que chamam de segunda tela.” Nessa época eu assistia The Voice, estudava o The Voice, mas adoro assistir televisão e assistia muitas séries. E tinha uma série que não sei se vocês vão lembrar que se chamava Hannibal, que tratava sobre o personagem super conhecido Hannibal Lecter, que tinha um aplicativo específico de segunda tela e que foi muito bacana e que foi o que me deu esse insight para estudar segunda tela na tese de doutorado. Como é que funcionava? A pessoa baixava o aplicativo – ou tablet, ou smartphone – e em simultâneo com o episódio, o aparelho que a pessoa estivesse escutando fazia uma sincronia por áudio e aí ela entregava conteúdos extras via aplicativo. Então um exemplo que me marcou muito foi uma cena em que o William, o investigador, ele chega numa sala de hospital assim num quarto de hospital, para visitar a Abigail que era uma potencial vítima lá de um caso, e ele ouve a enfermeira ler um trechinho de um livro para a menina e aí aparece imediatamente na tela do aplicativo o título do livro, autora e sobre o que o livro trata. E aí o William faz uma piadinha com a Abigail tipo assim: “Ah, eu sempre sonhei em criar pavões”. Para quem está assistindo sem o aplicativo aquilo passa despercebido, para quem assistia com aplicativo vinha imediatamente na tela dizendo que a personagem principal daquela obra criava pavões no interior da Escócia e aí N outras informações. Então aquilo abre uma possibilidade de conteúdos extras e de interação muito bacana. E o professor Martino muito sabiamente na orientação, ele me disse assim: “Brenda, na segunda tela é uma coisa que pode simplesmente pode não pegar, pode ser uma moda. É interessante a gente trazer esse teu exemplo para o campo da Comunicação de uma forma um pouco mais ampla e tudo o que eu te escuto falar está me pensando é que a gente tem que revisar o conceito de meio, que é uma coisa assim que, vamos lá, para quem estuda Comunicação é um conceito muito básico, mas que ao mesmo tempo para muitas pessoas não está claro, não está explícito. A partir do conceito de meio então eu trabalhei o conceito de televisão e aí eu dediquei todo o capítulo três da tese para o conceito de televisão, eu fiz uma extensa revisão e me vi ali com o debate do fim da televisão ou da morte da televisão muito em voga no nosso campo. Várias posições e eu me vi quase com Apocalípticos e Integrados de novo assim na mão, vou concordar com Umberto Eco de que essa discussão não leva a nada, então, que a gente tem que pensar um pouco para além do que é positivo ou negativo, fim ou início ou enfim morte e transformação da TV mas, o conceito então de TV, foi muito positivo para mim e mesmo dentro desses debates que existem no campo eu acho que foi muito interessante, então... Ju, voltando para a tua pergunta. Eu acho que os conceitos que mais me nortearam foram: meio de comunicação, e aí o conceito especificamente do professor Martino, eu trabalho o meio de comunicação como essa relação entre tecnologia e mente humana como um acoplamento da tecnologia na mente humana, dentro da ideia de uma simulação de uma capacidade mental que no caso da televisão é a simulação do pensamento e da experiência direta. E aí na tese eu entrego um conceito de segunda tela mas que, mais do que segunda tela, eu acho que o interessante é o modelo teórico metodológico que eu proponho no fim do trabalho. E se a gente pudesse citar alguns autores eu acho que assim: McLuhan, Innis, De Sola Pool são alguns autores que realmente me encaminharam nessa jornada.

Juliana Mendes: Você citou os três conceitos de participação, interatividade e interação.

Brenda Parmeggiani: Basicamente, assim, conceito de interação eu usei muito o trabalho do professor Alex Primo, que é da UFRGS aqui do Rio Grande do Sul e ele fala muito da questão da interação mediada. 

Alex Primo: O que queria dizer interatividade? Clicar num link, poder ver uma outra matéria mais futura, hipertextual? Interatividade ou interativo virou um adjetivo para todo o tipo de slogan mercadológico, do ponto de vista também de querer enfatizar uma ideia. Então, eu prefiro tratar o que, nós da Comunicação, na Filosofia, na Sociologia se sabe que é interação. O que é interação? A interação mediada por computador, hoje por computadores portáteis que cabem nos nossos bolsos que são os nossos smartphones. O que é interação mediada tecnologicamente? Bom, primeiramente ação entre, interação é a ação entre dois atores, entre dois agentes, entre dois actantes. Esses actantes podem ser um humano e um não humano, uma pessoa e uma máquina, uma máquina e uma máquina, então essa ação que ocorre entre esses participantes da interação. O que nos precisamos, então, olhar? É o que acontece entre não olhar para um polo ou para outro polo, para quem fala e para quem escuta, ou para quem processa esse dado, mas para ver o que acontece entre eles. Isto é a interação.

Brenda Parmeggiani: Por isso a interação via meios de comunicação é muito interessante. E ele faz toda uma classificação dos tipos de interações possíveis. E interatividade, daí daria conta de um tipo de interação, uma interação mediada pelos meios de comunicação e por tecnologias, algumas tecnologias específicas. Já participação, ele é um conceito um pouco mais complexo e aí eu fui buscar no Habermas, como eu comentei com vocês antes, a ideia de que participação ela tem que ser um diálogo baseado em argumentos, racional com livre demanda, livre participação, as pessoas não podem estar freadas de maneira nenhuma. Então dentro dessa lógica, participação seria uma interação perfeita, entre aspas, que está num nível de igualdade entre pares. E daí minha pergunta, no caso do The Voice foi, se existe de fato participação da audiência porque em alguns momentos falavam assim, o Carson Daly como eu comentei com vocês antes, falou: “Ah, é o programa mais interativo do mundo”, mas, muitos momentos, eles falavam: “A gente conta com a sua participação”. E aí que eu perguntava será que é participação de fato ou é uma interação, e uma interação limitada de algum tipo? E aí o que eu percebia que sim existe uma interação, de maneira geral, muito limitada principalmente através do voto então uma interação que é pré-determinada, é um sim ou um não, você não deixa livre para a pessoa se manifestar. Mas houve caso em que se teve participação da audiência de fato, e aí teve um caso no The Voice Brasil que eu classifiquei como participação. Numa das fases das batalhas da forma como a Globo construiu o processo de participação, as pessoas tinham menos tempo para votar em determinados concorrentes. Como é que acontecia? Três pessoas concorriam a uma vaga e aí a pessoa um se apresentava e a linha dela, linha telefônica, ficava imediatamente aberta para receber votos. A pessoa dois se apresentava e, só depois que ela se apresentasse, é que a dela ficava aberta. E a pessoa três da mesma forma. E aí vinha o intervalo e na volta do intervalo já dava o resultado, ou seja, a pessoa que se apresentava primeiro ela tinha uma vantagem em relação aos demais e a audiência se manifestou nas redes sociais e por e-mail contra esse sistema, chamando atenção de que era injusto. E aí você vê, de fato, uma participação no sentido de que foi uma interação que teve diálogo aberto, direto, racional embora, claro, tenha o emocional dos fãs envolvido – foi argumentado com fatos e o programa não só ouviu como mudou o sistema.

Leyberson Pedrosa: Eu sei que aqui presente, eu tenho duas pessoas que gostam muito de televisão, que é a Juliana e você. E eu talvez seja o apocalíptico que gostaria de polemizar. A minha pergunta é: como é que entra a internet nisso, na história da convergência, e faz sentido ainda em tempos atuais falar de segunda tela tendo a referência que para ser uma segunda tem que ter alguma primeira? 

Brenda Parmeggiani: Super. Não te preocupo porque essa pergunta da terminologia segunda tela, que para ter uma segunda tem que ter uma primeira, eu ouvi durante quatro anos de doutorado. Inclusive, no dia da defesa. Eu poderia simplesmente como fã e usuária te dizer assim: é óbvio, a televisão é a rainha do lar e deu e acabou. Mas não, vamos trabalhar na questão. Para te dizer até vou fazer aqui uma fofoca acadêmica, o professor Martino estudou a vida inteira televisão, a tese de doutorado dele é sobre televisão e ele não tem televisão em casa. Essa é a pessoa. E eu dizia: “como, professor?” Eu assisto televisão então por nós dois, então, pode deixar eu assisto por nós dois, não tem problema. O único momento em que ele realmente sente falta de televisão é durante a copa do mundo porque ele gosta de assistir aos jogos de futebol, mas, fora isso, ele é um cara que sobrevive muito bem com o rádio e está bem faceiro. Mas ele é o primeiro a chamar atenção da televisão como um meio de comunicação complexo que é justamente nessa ideia de que ela promove a simulação da experiência direta.

Luiz Claudio Martino: A relação entre tecnologia x corpo humano ou tecnologia e homem. Quando dizia uma tecnologia convencional, como um martelo, um automóvel, produz uma ação sobre o mundo. Ok. Há um acoplamento que passa pelo corpo, então por isso muitas vezes é dito que o martelo é a extensão do punho, porque a mão é substituída como instrutora de impacto. O martelo faz o impacto. O automóvel de certa forma substitui as pernas, enquanto função. Ok. Podemos colocar essa questão para a tecnologia do simbólico: O que substitui um objeto técnico como a televisão? O que substitui um objeto... o que no corpo humano, no homem substitui um objeto como a fotografia? Algumas tecnologias a gente percebe facilmente. Por exemplo, a fotografia relação olho, a fotografia é muito forte. Mas e a televisão? A televisão ela substitui uma rede de informação. Então, a televisão, ela de certa forma reconstitui a consciência humana num plano tecnológico, mas o que acontece a partir de tecnologias como TV, cinema, rádio e nos jornais que antecedem tudo isso? A sociedade se materializa. Qualquer um de nós pode ver e ter acesso à sociedade.

Brenda Parmeggiani: A televisão ela é o primeiro meio de comunicação que consegue reunião os seus antecessores, o cinema e o rádio. Então ela é de certa forma, o ápice da convergência. E aí o que acontece muitas vezes, as pessoas que são entusiastas da internet vem dizendo: “Não, mas olha a internet. A internet é o novo meio mais incrível porque daí reúne todos os outros.” Só que a internet, se a gente for observar, a gente vai ver que a internet nem sempre está nas relações como um meio, às vezes ela se presta só como transmissão. É o caso da Netflix, por exemplo. A internet ela é o streaming, ela é... ela substitui o broadcasting, nesse caso. E aí o que a gente tem é a TV, não é TV em relação à internet, a internet ali está só servindo de sistema de transmissão. Não é TV em relação a internet, não é? Então Netflix é TV, estou trazendo essa notícia para as pessoas, sinto muito se as pessoas achavam que era algo incrível e revolucionário. É TV. Ah, muda que não tem mais uma grade de programação específica, traz algumas questões muito interessantes que eu trabalho na tese e pretendo trabalhar mais nos próximos anos, tanto num pós-doutorado quanto em algumas publicações que estão por vir. A questão da atualidade mediática, por exemplo, que é um conceito do professor Martino, como o streaming pode trazer algumas mudanças na questão da atualidade. A gente está falando em maratonar uma série, como é que isso muda inclusive na matriz social de quando a gente faz discussões sobre uma determinada série e isso pode valer para outros conteúdos mediáticos também, mas é que a TV é o que mora no meu coraçãozinho. A televisão ela promove essa sensação de quase que imersão, de que a gente se sente parte e a televisão ela tem algo muito interessante que é: ninguém nunca te ensinou a ver TV, tu simplesmente sabes por que a partir do momento que tu liga aquela, não é? Eu ia dizer aquela caixinha, não existe mais caixa. Quando tu liga a TV, tu não consegue não consumir. Tu está automaticamente consumindo porque ela entra numa sincronia com o teu pensamento, com a tua mente que poucos outros meios conseguem fazer. O rádio chega muito próximo, só que o rádio ele não entrega imagem e aí vou ter que fazer o registro que sim, eu acho o rádio fantástico gente, é um meio de comunicação incrível. Eu sou a senhora que vai hoje à noite para o estádio de futebol com o seu radinho de pilha. Eu sou a senhora que entra no carro e escuta o rádio AM que hoje está na FM, mas enfim, eu acho o rádio incrível. O rádio é companhia. Por quê? Por que o rádio faz essa mesma sincronia com a mente humana, só que através da audição apenas, pelo som. E a TV trás essa coisa incrível que é a experiência direta, essa sensação de que tu está no local, de que tu está vivendo aquilo porque reúne essa questão do áudio, de uma sincronia direta conosco ainda com a imagem. Eu acho que ela representa muito o que o professor Martino identificou como pactos mediático, que é essa atração que nós temos pelos meios de comunicação. Tentando resumir para vocês assim o que o professor Martino desenha é que a gente sai de um tipo social de comunidade em que a mentalidade ela estava muito... Ela estava dada. Ela era do mito, ela era do natural então às pessoas naquela época o sol nascia porque o sol tinha que nascer. Isso a gente está falando de uma noção de comunidade assim primórdios da humanidade. A humanidade então vai se desenvolvendo e chega num tipo social que é já assim sociedade que a gente pode falar já mais próximo ali de idade média, para dar uma situada aí na história. A gente vai ter a mentalidade explicada por Deus. Então chove porque Deus quis, o sol nasce porque Deus quis e a religião de maneira geral, estou colocando em Deus, mas a religião de maneira geral. Até que a gente chega nesse período marcado vamos chamar aí a partir do iluminismo, revolução industrial e etc., em que a mentalidade ela vai ser etnocentrista. Ela vai ser científica, racional e aí tu esvazias o mito, esvazia as explicações mais lúdicas, a gente pode chamar o desencantamento do mundo, do Weber. A moral história é que a gente vê nossa vida esvaziada dessa magia. E aonde é que a gente encontra essa magia, de certa forma necessária, na nossa condição humana? Muito nos meios de comunicação. É o mundo demasiado humano. Vai estar nos meios de comunicação social. Gente, eu estou resumindo aqui uma coisa que é imensa. Então vocês vão dizer: “Ah, Brenda, mas como é que chega a isso?” Bom, eu poderia falar aqui sobre totemismo, sobre laços de família enfim, tem todo um outro conceito por trás mas quem quiser dar uma olhada tipos sociais do Guy Rocher explicam bastante isso e o professor Martino andou um pouquinho mais e daí ele chega nessa ideia de pactos mediático então. Que é dessa atração que a gente tem pelos meios de comunicação, essa ideia do drama humano que nos chama tanta atenção. E isso está presente, isso explica muito o fervor com o cinema quando o cinema chegou, explica muito a nossa relação com fotografia, explica muito a nossa relação depois com a TV, quando ela chega e por isso que a gente tem também essa atração. E é claro que vai ter com a internet também. A gente pode trazer aqui, eu gosto do exemplo do Casimiro. É um influencer no Twitter, ele reúne milhares de pessoas para vê-lo comentar desde o Big Brother a uma partida do Vasco. E, o que a gente está buscando ali? Ele está ali na internet trazendo uma experiência de TV, do comentário, dessa simulação do encontro. Na verdade ele está promovendo ali um encontro com ele, como se ele estivesse sentando na sala dele trocando ali um papo sobre o Vascão, como é que está é essa a ideia que a gente tem ali. Que nada mais é do que esse pato. Então, assim, desculpa um pouco eu e a Ju e a nossa paixão pela TV e te digo assim que tu não estás completamente errado, Leyberson. É só, talvez o teu meio seja outro dentro da ideia do pato e está tudo bem. Eu e a Ju continuamos certas e tu errado, mas está tudo bem. 

Leyberson Pedrosa: Só não fala sobre isso, sobre isso e está tudo bem.

Brenda Parmeggiani: Não, não. Tentando te explicar um pouco dessa força da TV e aí porque a questão da segunda tela se a gente ainda pode falar em segunda tela. Eu acho que pode porque naquela relação que eu conceituei como segunda tela, a gente tem a televisão que é um meio máquina e um meio máquina é aquele que a gente não tem o gatilho, a gente não tem o controle sobre ele. Televisão ela faz essa sincronia da tecnologia quando a gente manda de forma automática em oposição aos meios instrumentos que são aqueles que dependem da gente para a gente consumir. Então o jornal, por exemplo, ele é um meio instrumento. Eu preciso pegar o jornal na mão, folhar, ler, para eu começar a consumi-lo. Para eu voltar para a sua pergunta Leyberson, segunda tela vale se a gente voltar então para essa ideia: meio maquina e meio instrumento na segunda tela, no conceito que eu trouxe de segunda tela, a gente tem como primeira tela um meio máquina que é a televisão e um meio instrumento que daí nesse caso vai ser a internet. Ela é considerada um meio instrumento porque ela precisa desse gatilho nosso para ser consumida. Tu precisa abrir a página; colocar lá qual é; fazer uma busca; apertar um botão; ir para lá e para cá na internet. Ela entra em processos mais automáticos quando ela trás a televisão dentro dela. Sim, é primeira e com isso eu não estou dizendo que a televisão é melhor ou pior que a internet, o que eu estou dizendo é que ela é automática enquanto a internet não é. Mas, mais do que falar em segunda tela, a minha proposta é que a gente analise as relações que existem entre os meios. Foi o modelo teórico metodológico que eu propus ali no fim da tese e que dá para ser aplicado para quaisquer meios. Convido as pessoas a me ajudarem e a aplicarem porque eu sozinha não vou conseguir aplicar para tudo e tenho vontade de testar o modelo. E até testar e melhorar e numa dessas dizer: “Olha, essa categoria aqui não funciona, vamos repensar juntos.” Porque a pesquisa e a ciência, de uma maneira geral, ela é feita assim. Não tem uma verdade absoluta, a gente está aqui para discutir e chegar a novos passos, novos avanços. 

Juliana Mendes: Você falou muito dessa magia da TV. Então é muito fácil a gente ficar encantado com esse mundo expandido na TV em série, filme, e história em quadrinho mas você faz um alerta que a convergência depende às vezes de os conglomerados produzirem conteúdo complementar. O quanto que essas questões econômicas elas limitam ou estimulam a possibilidade de convergência e de inovações para a televisão?

Brenda Parmeggiani: A gente observa que existem movimentos, entre aspas, custo zero dessas expansões de universo, quando a gente tem o conteúdo gerado pela audiência ou pelo usuário. Então estou te dizendo aqui que eu - que já fui uma adolescente que escreveu fanfic de Harry Potter.

Jaqueline de Marco: O que é fanfic? A fanfic é uma adaptação literária, só que ela é feita geralmente por quem? Por fãs. Fãs do quê? Fãs de qualquer coisa, basicamente. As fanfics elas foram iniciadas na década se sessenta, setenta com fanzines da saga Star Trek. Então é uma série de ficção científica que até hoje existe, tem muitos trekkers por aí, muitos fãs da série. E eles lançaram um fanzine chamado Spockanalia que continha semanalmente, quinzenalmente, textos publicados por fãs. Então a fanfic vem disso. O que seria? É uma versão sua, fã, de uma coisa que você gosta e você pode deixar sua imaginação rolar solta. Mas existe uma controvérsia nesse gênero porque nem todo mundo apoia. Tem muitas celebridades, muitos escritores famosos que não querem que as suas obras sejam adaptadas para fanfic. Uma delas é a Anne Rice, autora super famosa, que escreveu Entrevista com o Vampiro entre outros, ela é especialista nesses textos de vampiro e ela não concorda com fanfiction, inclusive ela mandou que o site fanfiction.net que é um dos maiores do mundo, tirar todos os textos que eram baseados nas obras dela. Outro que também não concorda com fanfic é o George R. R. Martin que é o autor de Game of Thrones, ele também não gosta disso e também não permite que escrevam fanfics sobre a obra dele. Agora eu vou dar uma opinião minha, eu não acho que isso de forma alguma fere direitos autorais, isso inclusive está embasado em vários outros especialistas que também afirmam isso, porque não é uma obra na íntegra. Em nenhum momento você vai ler um texto, escrito como fanfic que é o texto completo de uma autora. Se o foco da fanfic é você poder usar sua imaginação e criar 1001 histórias que tenha como base aqueles personagens daquele universo, em que momento seria uma cópia do teu trabalho? 

Brenda Parmeggiani: E aí expandiu o universo Harry Potter do meu jeito, escrevendo lá a minha fanfic e fazendo algum desenho. Existe uma forma custo zero, a questão é que essas formas custo zero a gente percebe que elas chegam a menos pessoas. São raras aquelas que realmente criam uma comunidade, uma atualidade mediática em torno delas. Existem? Existem. Tem forms que trocam conteúdos produzidos por fãs e por usuários deles, principalmente por fãs né porque para ter esse tipo de engajamento, de envolvimento com um conteúdo mediático a pessoa, provavelmente, está num nível de fã que daí é outro conceito que eu gosto muito de trabalhar e que eu trabalhei de forma muito en passant na tese, mas que em outros estudos eu já trabalhei mais e está muito presente numa disciplina que eu dei na UnB, que era Estudos de Fãs e Cultura Pop. Mas, para ir para a tua questão, eu acho que existe sim uma questão econômica por trás e é por isso também que quando eu reviso o conceito de convergência a gente percebe que muitos autores trazem isso, uma ideia de convergência que ela é mercadológica, que ela vem dentro dessa linha de que é preciso, por exemplo, por trás de um grande projeto ter um financiamento para que ele se desdobre de série para filme, para jogo, para livro. Eu gosto muito do exemplo de Lost, que da série se desdobrou para tudo isso. Se desdobrou em filme, se desdobrou em livro, se desdobrou em jogo de videogame, se desdobrou em blog na internet, enfim... Em N produtos e formatos mediáticos. Só que isso sim exige um financiamento grande por trás. O custo zero acaba estando nesse âmbito mais do conteúdo gerado pelo usuário e a minha questão daí é essa, é que eu acho que pelo o que eu observo e já estudei o conteúdo gerado pelo usuário ele ganha menos repercussão, ele viraliza menos, ele ganha menos audiência do que os outros. Existem exceções? Existem. A gente vê alguns anônimos ou fãs, enfim, acabarem virando produtores, acabarem virando referência, mas se a gente for vasculhar e aí principalmente na internet, acho que a internet é esse espaço muito democrático para troca de conteúdos, para geração de conteúdos, ela trás essa democratização de acesso e de produção, a gente encontra uma multiplicidade de conteúdos gerados a partir de produtos mediáticos muito grandes. E daí N formas possíveis: podcasts, vídeos...
bom aí a gente pode pirar aqui juntos e chegar em N formatos.

Leyberson Pedrosa: A internet ela pode criar uma plataforma intangível. Vamos dizer, assim, que ligar a tecla SAP do que seria esse conceito. 

Brenda Parmeggiani: É. A professora Cosette trabalha muito isso. A professora da Universidade Católica de Brasília acho que ela continua na católica, e ela trabalha muito essa questão da plataforma tangível e intangível. Eu não segui 100% o conceito dela, mas a questão principal em minha opinião é entender a internet como se capacitadora, como essa via para os meios. A internet ela vamos dizer que ela é um coringa, porque com a internet a gente pode consumir rádio, com a internet a gente pode consumir TV, com a internet a gente pode ter experiência muito próxima do cinema. Ela vem quase como esse coringa, como esse quase não local, não espaço, de possibilitar os outros meios. Então por isso que eu acho que ela tem essa intangibilidade muito grande, mas a professora Cosette ela trabalha de forma um pouquinho diferente, mas é mais ou menos por aí que ela trás esse conceito de tangível e intangível. Ela faz também alguns questionamentos, principalmente políticos em relação à América Latina principalmente, por exemplo, de concessão, de debates de acesso.

Cosette Castro: Pessoal, vamos parar de ter vergonha. Nós somos um país de áudio visual. A nossa cultura é audiovisual. A Argentina, 98% das casas tem televisão. No Brasil, 98%. Sendo que na região rural, na área rural esse número cai para noventa e três por cento. A Colômbia 79% das casas tem televisão. O Peru, 67,5%. Uruguai, 95%. E a Venezuela, 90%. Esses dados eu tirei de outro trabalho que eu fiz em 2007, sobre indústria de corporativo e conteúdos na América Latina para a CEPAL, que é a Comissão Econômica da América Latina e Caribe, que é um órgão das Nações Unidas. Em 2005, o André Barbosa Filho e eu trabalhamos num conceito que se chama nova ordem tecnológica. Alguns colegas ficaram furiosos e disseram: “Vocês que estudam tecnologia, tecnicistas, vocês só falam de tecnologia.” Não, não é verdade. A gente fala de muito mais coisas do que isso, e eu sempre falo desde o ponto de vista da inclusão social digital. O que a gente quer dizer é que a tecnologia permeia toda a nossa vida, permeia a nossa vida social, nosso comportamento, a nossa cultura, a nossa educação, o nosso trabalho, as coisas que a gente fala com as outras pessoas, como a gente se comunica com os outros. E isso faz que ela seja transversal em todos os momentos da nossa vida. Então, é por isso. Inclusive, ela também influencia o nosso meio ambiente. Nesse sentido ela está ela é uma nova ordem tecnológica porque eu não tenho como tirar tecnologia de cada passo que a gente dá.

Brenda Parmeggiani: Eu trabalhei mais na tese então foi trazendo essa ideia de plataforma intangível e aí isso apareceu de uma forma mais direta nos capítulos dois e três da tese quando eu trabalho uma parte mais histórica de historicidade dos meios, e chegando e explicando como foi o surgimento de cada um e no capítulo três que eu foco mais em televisão e aí eu trago esse conceito da professora Cosette justamente para trabalhar essa ideia de que a internet ela possibilita a gente a consumir televisão muito mais do que ela entra como um meio nessas relações. O que eu trouxe aqui de maneira mais direta na tese foi defendendo a questão do protagonismo da televisão e principalmente na ideia de meio máquina, que eu comentava antes. Numa comparação, por exemplo, com a internet que é um meio instrumento, a televisão ela promove um tipo de acoplamento com a mente humana em que o tempo é o da máquina, ou seja, é o da televisão, é a televisão que está ditando a temporalidade daquela relação de diálogo e não nós indivíduos, não a nossa mente. Além disso, nos casos de TV digital e por streaming, por exemplo, a internet ela não se apropria da televisão, ela funciona como um canal de transmissão. Ela substitui o broadcasting e as ondas hertzianas. Essa capacidade específica da internet de funcionar como difusão para outros meios, de ser esse não lugar – esse não espaço, como eu brinquei – de propiciar esses consumos dos outros meios é então o que a professora Cosette chama de plataforma intangível. E aí quando eu trago o debate sobre, principalmente nesse contexto mais mercadológico assim, e a demanda por formatos convergentes, por produtos que tragam essa convergência entre determinados meios, e aí a observação que eu faço que é em especial para atender as audiências que são migratórias e que consomem os conteúdos pelo computador mediado pela internet, pelo celular ou pela TV digital. Então, o que a professora Cosette contribui aqui? Justamente nessa ideia de uma plataforma intangível a gente consegue tirar a televisão do aparelho televisor, a gente consegue ter televisão no celular. Da internet como essa difusão, como esse canal de transmissão por assim dizer, não é? 

Juliana Mendes: É a conversa está muito boa, mas a gente esgotou o tempo. Então, eu vou conduzir para o encerramento, mas queria ver se você tem alguma coisa a mais que a gente não perguntou que você gostaria de acrescentar nesses minutos finais.

Brenda Parmeggiani: Ai, gente, eu falo muito. Adoro esse momento professoral, gosto muito de falar sobre o que eu estudo então coisas para falar sempre tem, mas o recado final que eu gostaria de dar é que se eu sou uma apaixonada por TV, eu sou mais apaixonada ainda por Comunicação. E eu acho que a nossa área tem muito a contribuir com outras áreas e a gente sofre da síndrome de cachorro vira-lata, ou do síndrome de impostora. A nossa área é um campo do saber, é uma disciplina e aí que entra a parte política que eu comentei antes. Nós temos um objeto de estudo próprio e nós temos que ter orgulho do que a gente estuda porque a gente pode sim contribuir muito para a ciência, ciências humanas porque nós somos Dazumana. Talvez se desprender um pouco dessa baixa autoestima de que nosso estudo é por natureza interdisciplinar e que não tem a contribuir como outras disciplinas contribuem. Nós temos sim. Acho que a gente traz um olhar que é muito contemporâneo, que é baseado na tecnologia, nos meios de comunicação e na cultura de massa. É uma ciência muito própria do nosso tempo, e aí do nosso tempo, Revolução Industrial para cá. Eu brinco com os alunos que quando tiver uma pergunta de história numa prova de Comunicação, na dúvida, responda Revolução Industrial que vai estar certo. É isso assim, vamos levar adiante o nosso campo. Vamos produzir, vamos discutir – no bom sentido, óbvio – vamos levar Comunicação para o espaço que ela merece no mundo acadêmico. Então eu acho que é esse o meu recado final, assim, de que mais do que entusiasta da TV, eu sou entusiasta da Comunicação. E vamos seguir trabalhando para levar o nosso campo para o lugar que ele merece. 

Leyberson Pedrosa: Bom, eu agradeço a Brenda por estar participando desse primeiro episódio da terceira, uma temporada especial. E a gente vai encerrar o episódio avisando que o Dazumana está no YouTube e em várias plataformas de podcast: Spotify, Google Podcast e iTunes. E aí, daqui a 15 dias, a gente volta com o novo episódio. E, claro, se vocês quiserem enviar sugestões, tem mais uma dica: nosso e-mail é voz@dazumana.com. 

Juliana Mendes: Esse projeto é realizado com recursos do Fundo de Apoio à Cultura do DF e é isso, até a próxima. Dazumana, a ciência sem jaleco. 


00:00 - BLOCO 1: REPENSAR MEIOS DE COMUNICAÇÃO PARA ENTENDER A CONVERGÊNCIA

Monografia: Cartas de leitores do Zero Hora
Dissertação: The Voice e participação
Tese: Convergência dos meios
Habermas e participação
Segunda tela e tecnologia
Henry Jenkins e a Cultura da Convergência
Série Hannibal e o app
Repensar o conceito de meio de comunicação
Apocalípticos e integrados

12:20 - BLOCO 2: PARTICIPAÇÃO E PAIXÃO PELA TELEVISÃO

Interação, interatividade e participação
Alex Primo e a Interação
A segunda tela precisa de uma primeira?
Televisão como meio complexo
TV versus Internet
Pathos mediático

25:23 - BLOCO 3: A SEGUNDA TELA E AS RELAÇÕES ENTRE OS DIFERENTES MEIOS

Segunda tela permanece
Meio máquina e meio instrumento
Relações entre os meios
Conglomerados influenciam a convergência
Conteúdo Gerado pelo Usuário
Fanfic
Convergência mercadológica
Série Lost

32:10 - BLOCO 4: A INTERNET E A CULTURA AUDIOVISUAL

Plataforma intangível
Internet como coringa
América Latina tem cultura audiovisual
TV Digital e Streaming
Audiência migratória
Contribuição da comunicação


Entrevistada: Brenda Parmeggiani
Pesquisa e locução: Leyberson Pedrosa e Juliana Mendes
Gestão e Produção executiva: Carolina Villalobos
Redes sociais: Gabriella da Costa
Montagem: Juliana Mendes
Edição: Thais Rodrigues
Site: Vinicius Cortez
Design gráfico: Diana Salu
Ilustração: Juliana Mendes
Transcrição: Audiotext

CRÉDITOS:
Trilha sonora em CC - Little hymn de Stefan Kartenberg (http://ccmixter.org/files/JeffSpeed68/61297)
Efeitos sonoros - Audio Library do YouTube (https://www.youtube.com/audiolibrary)

Vídeo 1 (comentário): Básico de Filosofia - Entenda HABERMAS e a ÉTICA do DISCURSO(https://youtu.be/OhHdOl8-ZR0)
Vídeo 2 (comentário): Agência Fotográfica UFMS - Entrevista com Alex Primo (https://youtu.be/-VqHxQ_rlYw)
Vídeo 3 (comentário): TV UNESP - Diálogos | Intercom Comunicação e tecnologia (https://youtu.be/0enj87_h3tA)
Vídeo 4 (comentário): Jaqueline de Marco - LITERATURA | O que é fanfic? (https://youtu.be/59pdARn9VEg)
Vídeo 5 (comentário): Ginga-DF - I Seminário TV Digital Ginga-DF - Cosette Espindola de Castro - Parte 1 (https://youtu.be/6kRy40_-K-0)